Olá, que bom ter você aqui! A ideia do MOM American é poder conversar um pouco sobre maternidade, com foco nos momentos que envolvem a gravidez e o pós-parto, até o período que antecede o retorno da licença-maternidade.
Iremos abordar questões que envolvem mudanças no corpo, nas emoções e sentimentos, além de situações do dia-a-dia que se modificam a partir da descoberta da gravidez. Também abordaremos algumas curiosidades e dicas que podem ajudar as mulheres que estão grávidas ou que já estão com os bebês no colo. Ah, também separamos algumas dessas dicas para serem utilizadas por pessoas que estão convivendo com essas mamães, como forma de orientar aqueles que tiverem vontade de ajudar, já que este é um momento tão diferente na vida de tantas famílias.
O aplicativo ainda permite que você faça comentários nos conteúdos e assim, compartilhar suas vivências. Esperamos com isso, que esta iniciativa possa contribuir para que o processo de gestar e maternar não seja uma experiência solitária! Vamos juntos?
Em grande parte dos casos a descoberta da gravidez ocorre entre a 4ª semana de gestação (1 mês completo) e a 8ª (2 meses), quando a mulher se dá conta do atraso menstrual ou identifica outros sintomas em seu corpo. O primeiro trimestre vai até a 13ª semana de gestação e corresponde aos três primeiros meses de desenvolvimento do bebê. Ele é marcado pelo momento de adaptação física e emocional da futura mamãe, por isso, é natural que ocorram oscilações entre a aceitação e a recusa da gravidez. Quando a mulher se descobre grávida, muitas dúvidas passam pela sua cabeça, como por exemplo, a preocupação sobre contar imediatamente ou aguardar um pouco para avisar o (a) seu (sua) gestor (a) em casos que a gestante está vinculada a uma empresa. Questões como essa, poderão trazer menos ansiedade quando buscamos informações e apoio daquelas pessoas que nos cercam e que fazem parte da nossa vida, sejam elas familiares, amigas ou mesmo colegas de trabalho.
A gestação é um momento único para muitas mulheres e ela pode ocorrer em fases diferentes da vida para cada uma delas. Pode ser planejada, desejada, de surpresa; pode ser primeiro bebê, terceiro.. ou ter acontecido logo que se iniciou um novo relacionamento ou mesmo ocorrer em situações consideradas atípicas, como a gravidez na adolescência, por exemplo. Este é um período em que ocorrem muitas mudanças na vida da mulher, tanto em termos físicos quanto emocionais e que influenciam no dia a dia da futura mamãe. Desta forma, conhecer um pouco mais sobre a gestação e tudo o que ela traz de novidades pode fazer com que a gestante tenha mais tranquilidade e segurança para aproveitar da melhor forma este momento que é tão marcante. Como já é sabido, a gestação dura, em média, nove meses (mais ou menos 40 semanas). Porém, para facilitar a organização das mudanças que ocorrem ao longo desse período, vamos dividi-la em três trimestres, definindo em cada um deles os meses e semanas correspondentes ao período gestacional. Esperamos que assim, sua leitura também fique de mais fácil entendimento.
Seu corpo está mudando. Nesse momento inicial, a mudança é muito mais sentida por quem vive do que vista por quem está de fora. E é por isso que você precisa se respeitar e também respeitar o seu corpo, ele está trabalhando arduamente para gerar uma nova vida. Pense bem, uma nova vida! Até o final do primeiro trimestre já é possível observar seu embrião com cabeça, tronco e membros. Seu corpo precisa trabalhar o dobro (ou o triplo quando há gestação de múltiplos) para sustentar a você e o novo ser que está crescendo. Desta forma, o cansaço é mais do que esperado: tem o dobro de sangue sendo produzido, tem placenta se estabelecendo no útero, tem hormônios novos circulando e trazendo sintomas difíceis como os enjoos e a azia. Algumas podem adorar as mudanças físicas geradas, como o aumento das mamas e das curvas, loucas para ver a barriga apontar; outras podem detestar e focar no aumento de peso considerando-o como algo ruim. Além disso, dores de cabeça também são bem comuns nesta fase.
É possível que você não entenda bem o que está acontecendo com suas ideias, vivendo uma montanha russa de emoções que vão desde “que alegria, vou ser mãe!” até “e agora, o que vai ser da minha vida!?”. Os sentimentos transitam entre a alegria da concepção (quando se estava tentando engravidar) e o medo do que vem pela frente (seja a gravidez desejada ou não). Às vezes, a dúvida sobre estar mesmo grávida também pode ser um sentimento bastante comum, principalmente naquelas mulheres que não apresentam sintomas físicos, quando as alterações no corpo ainda são bem discretas e a barriga não está apontando.
Além disso, você pode notar que está mais sensível, chorando e se emocionando com qualquer propaganda na tv ou mesmo se irritando com coisas as quais antes eram melhor toleradas. Esse aumento da sensibilidade está ligado a essas oscilações de humor e também podem ser percebidas na relação com cheiros, gostos e sons.
Você já percebeu quantas mudanças na vida social uma gestante pode passar ao longo dos nove meses? Inicialmente, quando a mulher anuncia a gravidez para as pessoas mais próximas, estas começam a apresentar mudanças de comportamento no trato com a gestante. Começam aqueles mimos, evitam que ela levante para buscar alguma coisa, não a deixam carregar peso, todo mundo se oferece para cozinhar ou comprar algo para que ela possa comer, respeitando os “desejos”; há preferências nas filas e estacionamentos.
A tendência é que você sinta mais sono do que o que está acostumada, pois seu corpo está trabalhando muito, gastando o dobro de energia para a formação do seu bebê. No primeiro trimestre a reprodução das células do feto que está se desenvolvendo ocorre rapidamente, o aumento de certos hormônios e a queda na pressão arterial fazem com que esse sono interfira na capacidade de cumprir certas atividades como antes. No ambiente de trabalho, é importante que a gestação seja comunicada assim que for possível, num movimento de buscar apoio para essas situações em que a gestante pode apresentar excesso de sono, tonturas ou dores de cabeça. Desta forma, é possível conseguir maior compreensão por parte da equipe e das chefias, no caso de empresas e outras instituições que acolham a gestação como um momento singular na vida das mulheres.
Nem sempre as mudanças são percebidas pelas mulheres como algo positivo. Desta forma, é importante comentarmos também sobre coisas que nem sempre são faladas e, que muitas vezes podem causar uma sensação de estranheza na gestante que está sentindo isso.
Por vezes, você até poderá se sentir insegura quando precisar ir ao banheiro, com medo de perder o bebê ao fazer xixi… essas parecem inseguranças bobas, mas que passam pela cabeça de muitas futuras mamães! Algumas mulheres solteiras e independentes sentem-se na obrigação de casar devido à discriminação social de estar grávida e não ter um companheiro, muitas vezes submetendo-se a um relacionamento abusivo, inclusive. Podem também sentir o preconceito contra a diversidade sexual, quando vivem um relacionamento homossexual feminino.
Também há muitos casos de mulheres que sentem-se um estorvo para a empresa porque, às vezes é necessário que seja feita a realocação de setor, devido à sua nova condição de gestante. Muitas precisam lidar com a intromissão das pessoas como, por exemplo, um desconhecido no supermercado dizendo que é melhor ela não comer aquilo que está no carrinho de compras, pois ‘fará mal ao bebê’. Além disso, existem as gestantes solteiras com desejo sexual, que percebem um aumento na sua libido após ficarem grávidas… muitas vezes elas podem ter dificuldades para encontrar parceiro disposto a ter relação sexual, caso a barriga já esteja evidente. Importante salientar que as reações e mudanças sociais podem ser bem diferentes entre uma mulher e outra e que o mais importante é que ela possa ter pessoas com quem contar, sabendo onde buscar ajuda em caso de necessidade.
O aumento do volume do útero, da pressão exercida sobre a bexiga e o relaxamento muscular podem provocar pequenas perdas de urina, especialmente quando há tosse, espirros ou risadas. Nesses casos, pode ser interessante buscar orientação sobre exercícios para o assoalho pélvico, os quais também trarão benefícios para se preparar para o momento do parto.
O segundo trimestre, é o período compreendido entre as 14 e as 27 semanas e inclui o terceiro, quarto e quinto meses de gestação. Para muitas mulheres, este é o trimestre que tende a ser o mais tranquilo, pois é quando os níveis de hormônios diminuem sua circulação no organismo, fazendo com que os sintomas como enjoos e náuseas também parem aos poucos. Também é o período em que a mãe começa a se relacionar com o bebê de maneira mais real, pois é o momento em que muitas famílias descobrem o sexo biológico dele. Isso permite uma maior vinculação com a barriga, a qual possivelmente começa a dar sinais, tornando-se mais real a ideia de que está vindo um bebê por aí.
Nessa fase, sua barriga começa a apontar e é natural que as pessoas já percebam que você está grávida. Em geral, é possível sentir o seu bebê por volta das 20 semanas e quem já passou por essa fase antes, pode identificar os movimentos do feto já a partir das 17 semanas. O nível de hormônios que causam desconforto começa a cair, então, sintomas como cansaço e alterações no humor tendem a diminuir, então é possível que você comece a se sentir um pouco mais disposta.
Por isso, é hora de se manter ativa e priorizar incluir na rotina a prática de alguma atividade física como ioga, pilates, natação, musculação ou até mesmo a boa e velha caminhada para quem está buscando diminuir os custos. A bicicleta convencional não é recomendada porque envolve risco de queda.
O aumento do volume do útero, da pressão exercida sobre a bexiga e o relaxamento muscular podem provocar pequenas perdas de urina, especialmente quando há tosse, espirros ou risadas. Nesses casos, pode ser interessante buscar orientação sobre exercícios para o assoalho pélvico, os quais também trarão benefícios para se preparar para o momento do parto.
Essa é uma fase onde grande parte das mulheres começa a criar conexão com o bebê. Isso porque a sensação de senti-lo mexendo e perceber cada vez mais concretamente que está grávida, faz com que a mãe comece a imaginar como será o seu bebê. Além disso, é um momento onde torna-se possível descobrir o sexo biológico do feto, o que possibilita a escolha do nome. Para muitas pessoas, a escolha do nome pode não ter grande significado, mas para quem está gestando, é a abertura de um mundo de conexões que vai desde imaginar as características físicas (com quem ele (a) vai se parecer mais?) até comportamentais (vai torcer para qual time?). É também chegada a hora de anunciar para o mundo, se for vontade da mãe, quem vem por aí. Para isso, hoje em dia as pessoas têm se organizado para fazer o chamado Chá Revelação.
A descoberta do sexo biológico também pode aparecer carregada de frustração, em algumas situações, pois algumas mulheres podem desejar muito que o seu bebê seja menino ou menina, excluindo uma possibilidade diferente daquela desejada. Nesses casos, é importante lidar com a expectativa, pois ainda não há possibilidade de escolher com 100% de certeza o sexo do bebê durante a concepção. Se você está se sentindo chateada com o resultado obtido em relação a essa descoberta, é possível buscar ajuda profissional, como forma de lidar melhor com a situação.
Você vai perceber que começarão as conversas e questionamentos sobre o momento do parto. Talvez seja importante abordar esse assunto durante as consultas de pré-natal, como forma de se preparar para esse momento. É possível agendar visitas ao local em que se pretende ganhar o bebê, como forma de prevenir qualquer “atrapalhação” no dia do nascimento, já que é comum que o (a) acompanhante da mulher também fique nervoso (a) durante o trabalho de parto. Por isso, agende sua visita, caso não esteja planejando um parto domiciliar, pois isso trará maior segurança não só a você, mas também à pessoa que estará lhe acompanhando.
As ideias sobre o enxoval devem estar cada dia mais presentes na sua cabeça, pois com a descoberta do sexo biológico, as pessoas tendem a comprar lembrancinhas e presentinhos com estampas que possibilitam essa identificação (como roupas de determinada cor, por exemplo). Para quem tem a possibilidade de organizar um espaço em casa, é chegada a hora de organizar e decorar o quartinho do bebê para quem ainda não tem filho (a) ou reorganizar a casa para incluir o (a) novo (a) membro (a).
No ambiente de trabalho, já é possível que colegas estejam sabendo da sua gravidez e sugiram fazer um chá de bebê na empresa durante o turno de trabalho. Nessas horas, é importante consultar o (a) gestor (a) sobre essa possibilidade e mobilizar o mínimo possível para tirar alguns registros do momento. Veja aqui algumas dicas de como organizar de forma simples e bonita o seu chá de bebê no local de trabalho.
Algumas mulheres experimentam o esquecimento, chamado de "pregnancy brain" em inglês. Durante essa fase, você pode ter se dado conta de que tem esquecido de tarefas que antes eram básicas do dia-a-dia e ter dificuldade para se lembrar de detalhes ou para se
concentrar em tarefas. Isso não significa que a gestação está trazendo prejuízos e sim de que o cérebro, bem como outras partes do corpo, estão se adaptando a essa nova fase. Após a chegada da maternidade na vida das mulheres, o cérebro se modifica já desde a gestação, fazendo um movimento de adaptar o foco e a memória para coisas que antes não eram vistas com maior atenção, como choro de bebês, por exemplo. Para saber mais sobre isso, você pode clicar aqui.
O terceiro trimestre, é o período compreendido entre as 28 e as 40 semanas e inclui o sexto, sétimo e oitavo meses de gestação. Em geral, é o momento em que iniciam os preparativos para o momento do parto. Entender as diversas possibilidades de via de nascimento dos bebês é fundamental para que a mulher tenha uma experiência de parto positiva. Além disso, é interessante que a mãe e seu (sua) companheiro (a) possam se informar sobre amamentação, recuperação pós-parto e mudanças na relação conjugal, já que são temas que requerem muita parceria e cumplicidade entre o casal após a chegada do bebê.
É possível que você comece a se sentir desconfortável com o peso do bebê e a posição que ele está na sua barriga. Nessa época, os desconfortos e a redução da mobilidade física começam a ficar mais evidentes, bem como o surgimento da dificuldade para dormir (aqui tem algumas dicas para dormir melhor nesse período), câimbras, urgência urinária, azia, etc. Por outro lado, você também pode estar se sentindo mais bonita e atraente devido o aumento das mamas e do cabelo que tende a ter menos queda e ficar mais vistoso.
Algumas mulheres também podem desenvolver coceira e estrias devido ao tamanho da barriga, aumentando a preocupação com sua aparência física no pós-parto.
Seus níveis hormonais têm aumentado a cada dia com o objetivo de adaptar o corpo às novas transformações. Existe um hormônio (a progesterona) que age causando afrouxamento dos ligamentos e articulações do seu corpo, principalmente nesse terceiro trimestre. Isso acontece para permitir que seu útero aumente de tamanho e reposicione os outros órgãos para acomodar o bebê, além de ser fundamental para facilitar o nascimento durante o parto vaginal. Outro hormônio fundamental, encontrado em grandes níveis neste período, é a ocitocina, responsável pela produção do leite materno (leia mais sobre o papel da ocitocina aqui).
Nesse período, provavelmente você deve estar envolvida com diversas atividades específicas de final da gestação. Planos em relação a sair ou não de licença maternidade antes de o bebê nascer (se você precisa dirigir até o trabalho ou pega muitos meios de transporte, essa pode ser uma boa alternativa); esclarecimentos em relação aos benefícios do parto vaginal e indicações de cesariana… o fato é que além de lidar com aquilo que está sendo modificado fisicamente, você ainda precisa planejar algumas coisas da sua rotina.
Não é possível ignorar o fato de que quanto mais próximo das 40 semanas, mais a ansiedade tende a aumentar. Surgem dúvidas do tipo: “como vou saber que chegou a hora do trabalho de parto?”; “será que vou conseguir amamentar?"; “será que conseguirei cuidar do meu bebê?”. Se você está passando por uma gestação de alto risco, dúvidas e medos relacionados ao desfecho do parto também poderão surgir. Nessas horas é importante você recorrer ao (a) seu (sua) parceiro (a) e compartilhar suas angústias, buscando apoio e orientação profissional em caso de necessidade. Estar segura em relação à equipe que te acompanha durante o pré-natal também pode ser fundamental para minimizar o medo e a insegurança.
Se sua gestação está correndo normalmente e você está se sentindo bem disposta, talvez você queira seguir trabalhando até o dia que seu bebê resolver nascer. Algumas mulheres começam a sentir limitações para exercer suas atividades nesse período, devido a alguns desconfortos (dores na virilha ou costas, inchaço, etc.) que a impedem de seguir frequentando o ambiente de trabalho. Nessas horas, dependendo da sua função, é possível solicitar ao gestor para seguir em trabalho remoto ou até mesmo se afastar das atividades laborais 28 dias antes da data prevista para o parto. Nesse último caso, é importante considerar que esse tempo será descontado dos 120 ou 180 dias, a depender do regulamento da sua empresa, de licença maternidade.
Um dos sinais mais característicos da aproximação do trabalho de parto é quando, no final da gestação, a mulher fica mais introspectiva, mais voltada para si mesma, sem vontade de se comunicar e conversar com outras pessoas. Este é um sinal de que o bebê está por vir, portanto ela fica como se estivesse voltada a preparar o ninho para a chegada do seu bebê. Nesse período, é natural que as pessoas fiquem “alertas”, à espera da notícia do nascimento, fazendo perguntas sobre possíveis sinais do trabalho de parto ou sobre questões de rotina, quando é necessário agendar uma cirurgia cesárea (leia aqui ou escute aqui, indicações reais de cesárea). Nem sempre você estará com paciência para lidar com esses questionamentos, por isso é possível pensar em algumas estratégias para não ser grosseira e brigar com o pessoal, como combinar com seu (sua) parceiro (a) uma resposta padrão ou avisar a família quando já estiver lá no hospital, por exemplo.
Você conhece o chá de bençãos? Ele é um ritual feito para celebrar a gestação, apoiar e fortalecer a mulher em relação ao parto. Como nesse terceiro trimestre a mulher tende a estar mais cansada e ansiosa, a ideia principal é que a celebração seja organizada pelas mulheres mais chegadas a você. Normalmente as convidadas são as amigas mais próximas, a mãe, a (as) avós, as tias, sua doula (caso tenha) e cada uma traz um prato ou bebida, e define-se uma pessoa para conduzir as atividades. O evento é exclusivo para mulheres porque busca celebrar o universo feminino e criar esse entorno de potência e amor entre a gestante e suas amigas de confiança. São utilizadas técnicas de respiração, visualização, meditação, aromaterapia e massagem, tudo isso durante um escalda pés com ervas e óleos essenciais (aqui tem dicas de como utilizar as técnicas). Tem o objetivo de aflorar a força e a confiança dentro dessa mulher, trazendo o sentimento de segurança para o momento do nascimento, puerpério e maternidade.
Vários estudos atuais comprovam que o período em que se apresenta a maior parte dos sintomas depressivos é durante a gestação e não no período pós-parto. As mulheres com sintomas de Depressão Gestacional, muitas vezes não se percebem deprimidas. Por isso, é importante investigar as circunstâncias em que se descobriu a gravidez e como ela está vivendo atualmente. A gestação foi planejada? Foi desejada? Tem rede de apoio? Algumas situações podem fazer com que a gestante tenha mais dificuldades para aceitar a gravidez, como o preconceito social, no caso de mães sem a companhia do pai do bebê (mãe solo, por exemplo) ou em casais homoafetivos femininos. É preciso também estar atenta para que não se confundam os sintomas fisiológicos da gravidez com os da depressão gestacional.
Queixas como insônia, alterações do apetite ou fadiga são comuns em ambas as situações, por isso apenas uma profissional qualificada poderá avaliar o que está acontecendo de fato. Sabe-se que, apesar de algumas mulheres apresentarem ideação suicida (vontade de morrer), o risco de suicídio em quem está passando por depressão gestacional é baixo. Porém, esse risco aumenta consideravelmente, caso a depressão seja decorrente de diagnóstico de bipolaridade. As mulheres com histórico de depressão são consideradas as que têm maiores riscos de retorno dos sintomas, principalmente porque muitas optam por parar o uso da medicação para poder engravidar.
O tratamento pode ser conduzido através de psicoterapia, em casos com sintomas leves ou psicoterapia combinada com uso de medicamentos prescritos por psiquiatra. É importante uma avaliação aprofundada de todo o contexto vivido pela mulher, como forma de orientar a melhor conduta a ser tomada pelos profissionais que a acompanham. Se você está sentindo muita tristeza e desinteresse por coisas que antes lhe motivavam, busque ajuda profissional. Não espere o agravamento dos sintomas.
Sabem aquela ideia que as pessoas têm de que, assim que o bebê nasce a mãe também nasce? Pois então, na verdade as coisas não funcionam bem assim, não. A construção da maternidade é um processo que se inicia lá na infância, quando a mulher ocupa o lugar de filha ou quando brinca de bonecas e fantasia que é a mamãe delas, por exemplo. E é durante a gestação e após o nascimento do bebê que essa construção vai ficando cada vez mais real… e não há tempo exato para que essa mãe seja construída, já que a maternidade é cheia de desafios que percorrem, inclusive, a adultez dos (as) filhos (as). Por isso, ter pessoas com quem contar na gestação e, principalmente nos primeiros meses após o parto, é fundamental para promover a saúde mental da mãe e do bebê. Aqui vamos explorar algumas dicas de como você pode cuidar da mãe enquanto ela cuida do bebê.
Durante os três primeiros meses de vida do bebê e de construção da recém-mãe (sim, porque ser mãe é um constante aprendizado), muitas situações novas estarão presentes no seu dia-a-dia. Para mulheres que estão tendo o seu primeiro filho, os momentos desconhecidos podem ser inúmeros, como a amamentação, por exemplo. Sentir-se apoiada pelas pessoas que lhe cercam, certamente irá lhe fortalecer para encontrar o equilíbrio emocional quando a privação de sono e o cansaço insistirem em fazer morada (parece que o ciclo não acabará nunca!). Nesse período a dupla mãe-bebê estará passando por um processo chamado de exterogestação , portanto é preciso que a família tenha paciência e cumplicidade nos momentos em que o choro do bebê parece não comunicar nada, já que mesmo verificando fome, frio e fraldas ele não para.ituação.
Nesses momentos as coisas podem estar mais adaptadas e você conseguindo tirar de letra o significado daquele choro. O seu bebê começa a interagir melhor, ficar mais atento ao que se passa no ambiente (até o barulho de um mosquito é capaz de fazê-lo soltar o peito várias vezes durante a mamada). Os risos começam a ser mais espontâneos e direcionados ao rosto materno, o que gera em você maior sensação de prazer ao conseguir fazê-lo rir durante as conversas entre vocês.
Além disso, os hormônios do parto já devem estar restabelecidos e aquela sensação de choro frequente tende a não aparecer com tanta frequência. Por outro lado, algumas mães podem ter vivido com maior tranquilidade nos três primeiros meses, já que tudo era novidade, e começarem a se sentir mais cansadas e tristes com a rotina a partir dos três meses após o parto.
Independentemente da via de nascimento que trouxe seu bebê ao mundo, muitas mulheres passam pelo sangramento pós-parto.
Lembre-se que seu corpo produziu por nove meses o dobro de sangue e agora ele precisa se desfazer daquilo que não é mais necessário, por isso considere a possibilidade de seguir com esse sangramento por mais ou menos um mês. Além disso, todos os órgãos internos que foram se adaptando para acomodar o bebê, estão se reorganizando para voltar aos seus locais de origem, o que pode gerar uma sensação de que tudo está se mexendo dentro de você.
Dificilmente a amamentação ocorre de maneira espontânea e instintiva como temos a tendência em imaginar. O primeiro mês pode ser mais difícil, devido à adaptação do seu corpo, em relação à quantidade de leite necessária e ao aprendizado do bebê para mamar de maneira efetiva sem machucar o seio. As primeiras mamadas logo após o parto serão compostas do colostro que é um líquido mais aguado e cheio de anticorpos essenciais para o bebê. Ele é rico em substâncias que protegem o recém-nascido de certas bactérias que pode ser considerado como se fosse a primeira “vacina” do seu filho (a). O leite mais gorduroso e que sustenta o bebê por mais tempo deve chegar durante a apojadura que ocorre, em média, até 72 horas após o parto. Você poderá sentir um pouco de cólica durante a amamentação e isso significa que seu útero está contraindo e voltando ao tamanho de antes, já que este efeito é produzido pelo mesmo hormônio liberado quando o bebê está mamando.
A preocupação com a volta do corpo que você tinha antes da gravidez também pode ser uma ideia presente nos seus pensamentos. À medida que a amamentação se estabelece, é possível que você sinta bastante fome e, de fato, é importante que coma assim que sentir vontade, pois ainda há bastante gasto de energia mesmo que o bebê já tenha nascido. A aceitação do próprio corpo físico é um fator de bastante importância para muitas mulheres, porém, este é um momento de grandes adaptações não só físicas como psicológicas também. Dar tempo ao tempo pode ser um grande aliado na busca dessa aceitação (aqui algumas dicas sobre aceitação do corpo pós-parto).
O Pós-parto é considerado o momento imediato após o nascimento do bebê. Nos dias que sucedem esse momento, a mulher entra na fase de puerpério. Em geral, a maior parte dos profissionais de saúde considera que a mulher seja puérpera até chegar aos 45 dias após o parto. Porém, para a Psicologia o puerpério pode durar até os dois anos de vida do bebê, considerando as particularidades do funcionamento psicológico de cada uma. Tornar-se mãe implica em uma mudança que envolve toda a estrutura familiar e o que era uma imagem idealizada passa para uma realidade concreta.
A chegada de um novo membro na família desperta a necessidade de a mulher rever a sua relação consigo própria, com os seus pais (no presente e no passado), com o/a companheiro/a e outros filhos/as, se for o caso. Progressivamente, ao longo da gravidez, ela elabora uma representação de si enquanto mãe, a partir da relação que estabeleceu com a sua própria mãe, agora reavaliada, no sentido de criar o espaço de ação necessário aos cuidados e interação com a criança de forma a construir o seu próprio maternar.
São muitas as situações cotidianas que vão construindo a identidade materna porque ela não nasce, na prática, junto com o bebê, mas sim nas vivências, muitas vezes doída, de deixar de ser quem se era para tornar-se outra mulher, agora com um ofício de alta responsabilidade. Vamos conhecer um pouco mais daquilo que pode acontecer após o nascimento do seu bebê?
É muito importante que você tenha pessoas de confiança (pode ser mãe, pai, melhor amiga ou o pai/outra mãe) que possam te auxiliar de alguma forma, seja limpando a casa, fazendo uma comidinha, alcançando água ou mesmo segurando seu bebê para você tomar um banho. Se isso não for possível, em vez de cuidar da casa, tente dormir com o bebê quando ele dorme, estar descansada, mesmo que não o suficiente, é importante para o sucesso da amamentação.
Se você não conta com alguém para ajudar, há a possibilidade de tentar colocar seu bebê no sling (se você não sabe o que é isso, clique aqui). Ele deixará suas mãos livres para cozinhar ou mesmo organizar a casa, ao mesmo tempo que mantém seu bebê agarradinho em você, podendo ser capaz de dormir sentindo seu cheiro, as batidas do seu coração e o calor do seu corpo.
Sempre que conseguir, tente sair para dar uma volta na rua, encontrar amigas ou mesmo fazer novas que também sejam mães. Existem grupos de mães nas redes sociais que auxiliam muitas mães, promovendo encontros que podem ser virtuais ou mesmo presenciais, dependendo de sua cidade. Além disso, já é possível assistir a uma sessão de cinema especial para as mães com bebês, aqui você consegue verificar a programação para a sua cidade.
Pensando na volta ao trabalho, além de decidir com quem o seu bebê vai ficar, também é fundamental atentar-se ao que você decidirá fazer em relação à amamentação. Se decidir por seguir amamentando, já pode ser hora de começar a fazer o estoque de leite materno. É assegurado em lei que a mulher que amamenta saia meia hora antes em cada turno de trabalho para amamentar o seu bebê até que ele complete seis meses de idade. Converse na sua empresa se existe essa possibilidade e como isso poderá ser organizado. Aqui você encontra orientações sobre armazenamento e descongelamento do leite materno.
Observar e descartar questões físicas que podem estar causando desconforto no seu bebê é fundamental para que o choro ou possíveis sintomas de irritabilidade nele não reflitam em você. Investigar possíveis diagnósticos de alergia à proteína do leite de vaca (APLV), por exemplo, pode ser fundamental para diminuir a intensidade e a frequência dos choros. Se você acha que o choro está muito difícil de acalmar, apesar de ter a certeza de que fez de tudo o que poderia (fralda limpa, sono em dia, amamentação em livre demanda) e mesmo assim ele tem dificuldade para ser acalmado ou mesmo para relaxar durante o sono, considere avaliar com um especialista.
A primeira semana tende a ser mais difícil, especificamente por volta do sétimo dia. Isso acontece por conta dos hormônios da gestação que foram aumentando devagar durante os nove meses e vão despencando em queda livre, imediatamente após o parto. Durante esse período, o choro pode vir fácil, os sentimentos de tristeza e felicidade caminham lado a lado, isso é super comum. Nesse momento, o aleitamento materno está em pleno aprendizado de ambos: mãe e bebê. A apojadura (descida do leite) acontece, o seio pode encher demais, pingos de leite pela casa toda, banhos que não nos mantém tão ‘limpas’ quanto antes (o leite vaza), fatos que podem ser muito novos para você. As dores físicas do pós-parto, seja ele como tenha sido, acabam não podendo ser prioridade, por vezes; nosso bebê chora e nos sentimos “convidadas” a atendê-lo primeiro (com dor mesmo).
Os três primeiros meses são esse momento de adaptação e muitas mulheres vivem o famoso Baby Blues, Blues Puerperal ou mesmo a Disforia Puerperal que é o nome mais técnico. Isso significa que é esperado que a mãe tenha sentimentos de alegria e vontade de chorar logo em seguida. Também pode ser comum, breves sentimentos de ansiedade ao entardecer, pois sabe-se que é chegada a hora da bruxa e que a noite será incerta (quantas horas poderei dormir?). Portanto, nada de ficar se auto diagnosticando com depressão pós-parto sem passar por avaliação de psicólogo ou psiquiatra. Se você sente que a intensidade dos seus sintomas está lhe impedindo de fazer as atividades diárias de cuidados com o bebê, consigo mesma e com a casa, procure ajuda profissional.
Durante os dois primeiros anos após o nascimento de um filho, são incontáveis as novidades que ocorrem e que a família, mas principalmente a mulher, precisa se adaptar. É um período intenso de desenvolvimento de novas habilidades para o bebê com o qual a mãe também precisa se organizar psíquica e socialmente. A falta de sono, a dificuldade de lidar com o choro incontrolável, a frustração de não conseguir acalmá-lo, o aprendizado da amamentação, a saudade de poder sair livremente a hora que bem entende, as infindáveis “quinquilharias” na hora de sair (fraldas, paninhos, roupa extra, brinquedo, manta, carrinho, etc.). Se adaptar a uma vida nova não acontece da noite para o dia. Portanto, é necessário considerar que cada mulher reagirá de uma forma tornando este tempo subjetivo para cada uma.
Nesse momento você também já deve estar pensando em como será o retorno ao trabalho, caso esteja passando pelo período de licença-maternidade. Muitas dúvidas podem surgir, principalmente relacionadas a quem (ou onde) ficará o bebê para que a mãe possa voltar a trabalhar. Verificar isso com antecedência é importante para que você tome a decisão mais acertada, porém algumas mães já sofrem com isso desde o primeiro mês da licença e acabam não conseguindo curtir o período que estão em casa com o (a) filho (a). Você deve se preocupar sim, mas não em excesso, já que também é importante compartilhar essas ideias com seu (sua) companheiro (a), além de incluí-lo nessa decisão tão importante.
Você sabia que pode ser muito positivo para você e seu bebê fazerem o contato pele a pele naqueles momentos que parece que nada o acalma? A técnica consiste em nada mais, nada menos do que tirar a blusa (sua e dele) e colocá-lo deitadinho em cima de você. Se estiver muito frio, vocês podem ficar assim mesmo, só que debaixo das cobertas. Como nosso toque ativa a liberação de ocitocina (hormônio do amor), o contato pele a pele é importantíssimo para o estabelecimento do vínculo entre mãe-bebê, além de estimular a produção de leite materno, promovendo a amamentação.
Há um aumento significativo nos níveis de ocitocina imediatamente após o parto, tanto nas mães quanto nos bebês. Ter o contato pele a pele assim que sai do útero e encontra o mundo externo é o antídoto contra o estresse de nascer para o seu bebê, já que ele mudou de casa de repente (de dentro para fora do útero), além de regular a temperatura corporal do recém nascido. Os pais também podem desempenhar papel importante no pele a pele. Ele funciona perfeitamente e quase da mesma forma do que com a mãe, inclusive no pós parto imediato quando a mãe está impossibilitada de fazê-lo.
Você já se perguntou como o seu bebê aprende a bater palmas, acenar ou dizer tchau? Os pesquisadores descrevem a presença no cérebro humano de “neurônios espelho”, que percebem a ação física, a expressão facial e a emoção e preparam o cérebro para duplicar o que veem. Como a imitação é um mecanismo que nasce com a gente, comandado pelo neurônio-espelho, crianças menores de um ano já têm essa capacidade, por isso, o processo de imitação é fundamental para o desenvolvimento infantil, e estão ligadas a habilidades motoras (sentar sem apoio, engatinhar, caminhar), de comunicação (falar) e interação social (fazer amigos).
Quando você brinca de esconde-esconde com seu bebê os neurônios espelho dele o ajudam a descobrir como te imitar. Da mesma forma, quando você está brava, irritada ou ansiosa, os neurônios espelho dele podem “refletir” sua emoção e produzir esse mesmo sentimento nele.
Os neurônios espelho ajudam a explicar porque choramos, rimos ou ficamos com raiva um do outro com tanta facilidade. Também explica a vontade incontrolável que sentimos de bocejar ao ver outra pessoa bocejando. Eles também explicam porque o que você faz como pai ou mãe é muito mais poderoso do que suas palavras ao ensinar seu filho. Aliás, os neurônios espelho funcionam em ambos os sentidos. Se você está calmo ao lidar com seu pequeno, ele provavelmente também ficará calmo, o que é útil de se lembrar quando os inevitáveis conflitos acontecerem.
Logo após a chegada de um (a) filho (a) na família, estima-se que 86% das mulheres apresentam queixas sexuais, sendo as principais delas relacionadas à falta de desejo ou à dor durante a penetração. Em relação ao desejo, sabemos que em termos hormonais, grande parte desta diminuição é devido à alta produção de prolactina (hormônio que produz o leite materno) presente no processo de amamentação. Ela age anulando a produção de testosterona, hormônio responsável pelo desejo sexual.
Ainda em termos hormonais, porém com referência às queixas de dor, sabemos que durante o puerpério as taxas de estrogênio (outro hormônio) diminuem muito também. Para entender melhor o que ocorre, vamos desde o início: o estrogênio é o hormônio responsável por produzir a lubrificação e pela proliferação celular da parede vaginal, possibilitando elasticidade e lubrificação ideais durante a penetração. No puerpério este hormônio sofre uma queda drástica, causando um fenômeno temporário (na maior parte das vezes) chamado de atrofia genital, semelhante ao que acontece durante o climatério (menopausa). Desta forma, as paredes da vagina ficam mais suscetíveis a microtraumas que podem ocasionar ardência durante o ato sexual.
Sendo assim, vejam só o ciclo vicioso que se forma: a mulher se esforça para sentir vontade de ter uma relação sexual, já que a prolactina está a mil e ela não tem quase nada de desejo; sente ardência/dor durante a penetração porque o estrogênio está a zero; então percebe que o esforço não proporcionou recompensa nenhuma (não foi bom), só frustração; é criada uma memória negativa em função da dor; a mulher passa a evitar ter relação. Com isso, pode ocorrer um distanciamento significativo na relação do casal, tendo em vista todas as mudanças que ocorrem com as demandas que a nova rotina traz para a família.
Além dos fatores hormonais, o cansaço extremo e a privação de sono ocasionados pela chegada do bebê, bem como o medo de engravidar novamente e a baixa autoestima materna tendem a influenciar nessa dinâmica de forma bastante importante.
A percepção do (a) companheiro (a) frente à nova mulher é essencial para a retomada da vida sexual do casal. Os homens, principalmente, precisam se engajar no exercício de paternidade, proporcionando à recém-mãe uma justa divisão de tarefas. Muitas mulheres podem se sentir estimuladas sexualmente ao ver seus maridos envolvidos com as tarefas domésticas e de cuidados com o bebê. Com isso, tendem a sentir admiração pela pessoa com quem escolheram dividir a parentalidade, sendo o companheirismo um verdadeiro gatilho para a atividade sexual. Além disso, a mãe também consegue “arejar” a cabeça, cuidar um pouco de si e fazer atividades que lhe façam sentir mais bonita e, talvez, desejada. E, na medida em que o tempo passa, os hormônios também vão se regulando e voltando ao padrão de antes da gravidez.
Você receberá orientações conforme
sua necessidade.